Um resumo de um pequeno poema de Walt Whitman
‘A Noiseless Patient Spider’ é uma pequena jóia de um poema entre a obra de Walt Whitman. Neste post gostaríamos de compartilhar o poema, e oferecer algumas palavras de análise. O que Whitman quer dizer ao usar a ‘aranha paciente sem ruído’ ao representar a sua própria alma?
Aranha paciente sem ruído,
Eu marquei onde, num pequeno promontório, ficou isolada,
Mark’d how to explore the vacant vast around,
Lançou um quarto filamento, filamento, filamento, fora de si mesmo,
Ever desenrolando-os, acelerando-os incansavelmente.
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E tu, ó minha alma, onde estás,
Rodeado, desprendido, em oceanos sem medida do espaço,
Sempre a pensar, a aventurar-se, a atirar, a procurar as esferas para as ligar,
Até à ponte que vais precisar de formar, até que a âncora dúctil aguente,
Até ao fio de aranha que atiraste para algum lado, ó minha alma.
Em resumo, ‘A Noiseless Patient Spider’ está dividida em duas estrofes: a primeira observa a ‘noiseless patient spider’ do título do poema, e a segunda considera a própria alma do poeta e a forma como ele está empreendendo uma tentativa semelhante de construir pontes ‘gossamer’ entre as coisas, assim como a aranha constrói uma teia.
Esta ligação entre as actividades da aranha e a alma do orador – ambas pacientemente mas desesperadamente empenhadas em conseguir uma ligação ou ponte entre elas e outra coisa – é reforçada pela gramática nas duas linhas iniciais:
Uma aranha paciente sem ruído,
Eu marquei onde, num pequeno promontório, ficou isolada
Isto é como o solecismo gramatical comum conhecido como o particípio pendente (exemplo: ‘Ao lê-lo, Dickens parece ser um grande romancista’ – onde a gramática da frase faz soar como se Dickens, e não o crítico, fosse o que faz a leitura). Uma aranha paciente silenciosa, eu’: isto é ambíguo, já que essa linha de abertura poderia se referir à coisa observada (o que, de fato, acaba sendo o caso) ou ao eu fazendo a observação (onde ‘aranha paciente silenciosa’ seria metaforicamente usada para sugerir a paciência e o silêncio do orador na observação).
Embora ‘A Noiseless Patient Spider’ não tenha rima (como seria de esperar do pioneiro Walt Whitman), as duas últimas linhas movem-se em direcção a rima com hold/soul, como se sugerissem uma ponte entre as linhas do poema (linhas de poesia, mas os fios da aranha também são linhas, claro). Mas isso é imperfeito e delicado: não a rima sólida e inquebrável de, digamos, hold/soldado, mas apenas hold/soul. Não é a rima firme de um par de aranhas Alexander Pope, como esta de An Essay on Man:
O toque da aranha, que primoroso!
Feels at each thread, and lives along the line.
Whitman ainda não encontrou a forma de forjar tais conexões, mas a meia rima naquele ‘par de aranhas’ final sugere que tal acoplamento pode ser possível, afinal de contas. A Noiseless Patient Spider’ é um belo poema curto de um dos grandes pioneiros do verso livre da literatura americana.